Pode até não parecer, mas aprecio, obviamente, todos aqueles que dispõem alguns minutos de seu tempo para ler o que escrevo neste singelo blog, inclusive as mães adolescentes que num artigo meu se dispuseram a proferir os mais diversos vitupérios. Sendo assim, minha sinceridade obriga-me a dizer que fiz o artigo da presente quinzena visando o comentário de um de meus leitores, a saber: Fio da Messalina (espero que ele não se importe por chamá-lo assim, mas presumo ser mais “cômodo” que pelo atual pseudônimo dele). Fio da Messalina é um companheiro de longa data de discussões acerca do universo masculino e suas nuances, mas especificamente no âmbito dos relacionamentos afetivos. Aprecio por demais sua verve, sua forma invejável de escrita, possivelmente fruto de seu humor desigual. Portanto, considero-o “acima de qualquer suspeita” apto a comentar o que se segue. Bom, mãos a obra.
Como exposto no título do artigo, discorrerei sobre atração do heterossexual por um efeminado e demonstrarei que essa atração não passa de um devaneio auto-imposto.
Esqueçamos, por ora, a consideração acima feita e pensemos que um dado heterossexual num dia qualquer, vê e se atrai por um dado rapaz efeminado. Não esquecendo, claro, que aquele não possui “entraves” religiosos, sociais, ou quaisquer outros dessa sorte. Assim sendo, ele – o heterossexual – está convencido de sua atração, passa, por conseguinte, a desejar o efeminado em questão, pois, como pode ser suposto, essa atração é, para ele, claramente natural (não no sentido de natureza, que fique claro), perfeitamente legítima. Desse modo, passa o heterossexual a desenvolver os mais caprichosos sentimentos em relação ao rapaz efeminado. Porém, sinto muito, nobre rapaz, mas tenho de destruir suas quimeras.
Vejamos. A atração se deu por meio do simples fato do heterossexual ter visto o efeminado em determinado espaço e tempo e, como heterossexual desprovido de entraves sociais e religiosos, deixou-se levar pela – ênfase aqui – suave feminilidade do outro rapaz. Ora, mas é evidente que essa atração cairá (cairia) por terra caso seu desejo venha a ser consumado. Evidentemente, ele atraiu-se pela - ênfase aqui também – imagem de feminilidade, pois o que para ele é feminilidade, nada mais é que não apenas trejeitos, cacoetes (que mais parecem uma sátira do comportamento feminino) que o fazem lembrar as mulheres, uma vez que, ao que parece, se esqueceu de que tal rapaz, por ser rapaz, não possui formas femininas, não possui seios e muito menos um órgão sexual feminino, o que lhe traria um enorme pesar, certamente, caso ele viesse a consumar um intercurso sexual com o rapaz efeminado.
É fato que toda atração se inicia por meio da abstração, da idealização daquele que é o objeto de atração, contudo, a atração dum heterossexual por um efeminado não se desenvolve, precisa sempre ser alimentada com mais e mais doses de fantasia, ainda mais se a relação houver acontecido, já que a feminilidade é falsa, aparente, pois se trata, em realidade, de um outro rapaz; mais além, a abstração é de um valor desprezível, fixa-se na parte superior do rapaz efeminado, já que ela – a abstração – é referente à feminilidade, e, portanto, refém da parte onde residem os trejeitos e aparência: da cintura para cima, uma aparente mulher; da cintura para baixo, evidentemente, um homem. Ou seja, é preciso que aquele que se atrai seja o Dom Quixote par excellence.
Desse modo, toda atração de um heterossexual por um rapaz efeminado é ilegítima, sem motivo essencial que possa fundamentá-la, pois ela reside numa abstração e, como tal, não condiz com a realidade: imagine (ou não) ambos nus frente ao outro, seria risível ver toda aquela fantasia, que para seu autor era deveras apreciável, ser quebrantada pela realidade personificada no corpo de seu, de então, parceiro. Melhor seria se o rapaz em questão não se deixasse levar por excessos de imaginação aliados a um desejo sexual desenfreado a fim de não acarretar traumas no porvir. Toda atração do tipo aqui exposta é uma mentira daquele que se atrai para consigo mesmo e como mentira deve ser evitada.