segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Admirável namoro novo

Vivemos o império da Suma Santidade Feminina, não é possível. Pois vivemos numa época em que as mulheres estão acima do bem e do mal, portanto impossíveis de serem criticadas sem que se corra o risco de ser vilipendiado pela multidão de machos domados e de mulheres que defendem umas as outras em nome tão somente da própria imagem.

Agora essa. Li a matéria sobre uma mulher que possui dois namorados e um sabe do outro. O primeiro, numa demonstração de subserviência, desconfiança de si mesmo, e doma mais abjeta, rasteira e desonradamente aceitou que sua insigne namorada fosse dividida, tal qual um pedaço de carne, uma fatia de bolo com outro rapaz igualmente biltre.

Seria infamante que a proposta partisse do namorado, mas não. A proposta partiu da própria namorada como quem diz: reconheço sua incapacidade de iniciar outro relacionamento com outra mulher, pois mulheres possuem a mais culminante ojeriza de homens que se deixam domar como se fossem fêmeas.

Segundo ela, ela está muito feliz por ter dois namorados. Nós homens, em nossa imbecil maioria, somos tomados por uma congestão cerebral, entramos em parafuso e sequer sabemos do que se trata isso, mas digo: uma mulher possuir como namorados dois homens ou mais, é o paroxismo da exaltação de seu ego. A mulher não dá a mínima para o homem, pois se desse, reconheçamos, ela satisfeita ficaria com o primeiro, com apenas um (de um ponto de vista geral), e não teria olhos jamais para outros – aliás, quem olha os outros mesmo possuindo alguém com quem compartilhar as intimidades sexuais, afetivas é o homem, pois mesmo que possua uma racionalidade desenvolvida, o instinto ainda demonstra sua presença em sua existência –, mas não, o homem para a mulher é apenas um cinto de utilidades com pernas e braços.

E não acaba por ai. Temos uma situação com dois homens e uma mulher, porém, como não poderia deixar de ser, a mulher é quem manda em ambos. Ela decide quais os dias um ou outro a verão, quais os limites afetivos do relacionamento com o segundo – mas o segundo não esconde, quer fazer a mesma coisa que o primeiro faz, em outras palavras: sexo, ele quer deleitar-se na carne pré-aquecida pelo namorado primeiro ainda com resquícios da saliva deste, quer sentar-se na cadeira esquentada pelo traseiro alheio, quer ingerir os espermatozóides via e-mail – e pondera até mesmo as reações emocionais que tais namorados devem possuir ante essa situação degenerescente.

Um homem que aceita dividir sua mulher com outro macho, é um indivíduo aquém da própria honra, incapaz de circular entre os seus iguais; uma mulher que propõe tal coisa, demonstra ser sádica ao ponto de ver felicidade na humilhação de mendicantes emocionais por migalhas de atenção; e ambos representam a mazela que é o nosso zeitgeist e como este corrói a estrutura do prédio chamado civilização tal qual chuva ácida.