segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Discrepância dos Sexos - Parte 3

Você, leitor, que tem acompanhado esta série acerca da discrepância dos sexos, no que diz respeito aos relacionamentos afetivos, à conquista, pôde perceber que, embora tal discrepância seja gritante, esta passa quase despercebida pelas pessoas, ou talvez as mesmas finjam não perceber. Pois bem, no artigo desta semana discorrerei sobre o desapego daqueles que fazem tudo que fora supracitado nos artigos anteriores e insolentemente dizem ser desapegados em relação às mulheres, que não vivem em função delas e que são auto-suficientes.

Desde os tempos mais primórdios que se nota, concernente à atração intersexual, a submissão masculina à mulher, contudo, em anos longínquos em demasia do ano presente, havia uma troca proporcionalmente equidistante, onde o homem sustentaria a mulher e ela o daria a honra de ser o primeiro a deitar-se com ela e ela seria aquela a qual cuidaria do lar e filhos deles. Hoje, a submissão masculina ainda existe, mas uma breve diferença: é impossível, injusta, logicamente. Hoje, a mulher inicia sua vida sexual tão ou mais cedo que o homem e possui mais parceiros sexuais que as fazem parecer uma versão feminil de Giacomo Casanova (
1725 -1798). Não obstante, tudo isso, o homem ainda se faz de capacho das exigências descabidas femininas. É claro, admito, que cada um faz de si o que lhe aprazer, todavia, é de uma nescidade abissal fazer algo por causa de outrem e ainda assim dizer: sou desapegado. Pois bem, caro leitor, essa mentira soez é o item principal da cartilha comportamental de boa parcela de homens, hoje.

O homem, hodiernamente, representa em nosso zeitgeist a dissimulação do apego de forma jamais vista. Ele se reúne mais os outros do mesmo sexo para desenvolver manuais de comportamento: o quê e como fazer e dizer algo quando na presença de uma ou mais mulheres; quais roupas vestir; quais músicas ouvir, quais lugares a freqüentar; etc.

O homem, uma vez ao lado de uma mulher, põe seu comportamento em estado de alerta sobremaneira. Agrada e desagrada a si, aos outros e a mulher a fim de atrair para ele a atenção da mesma – ele briga com os pais, amigos (em casos especiais com a própria mulher) a fim de trazer à luz sua vil existência, e o que mais nos importa: por causa da mulher. Mas esse, aliás, é apegado declaradamente, não hesita em esconder isso dos outros, pois quer mostrar orgulhosamente sua subserviência à mulher. A parte risível, não que essa não o seja também, é a daqueles que fingem não ser apegados, mas que possuem em si a essência da servilidade mais abjeta.

Indivíduos que numa hora pregam a indiferença masculina ao pensamento feminino e fazem mofa daqueles que não seguem a risca seus ordenados, mas que noutra hora dizem coisas que enaltecem a natureza da mente infectada pela submissão, a saber: “tal rapaz se relaciona com mais mulheres que você” (desdenhosamente). Mas, ora, acaso aquele que, naturalmente, está desvencilhado da subserviência seria capaz de proferir tais palavras senão em caso de citação? É completamente ilógico uma árvore gerar frutos de uma árvore distinta. Portanto, a reunião que fazem os homens para discutir sobre o comportamento feminino, o que – ou não – fazer (mesmo que “ser indiferente, porque a mulher gosta”), como agir num encontro, na presença de mulheres, o que vestir, o que calçar, qual carro comprar, quais músicas ouvir, quais lugares a frequentar, quais critérios usados para avaliar um homem (quantas e quais mulheres ele se relaciona, por ex.), a fim de causar impressão feminina, a fim de atrair alguma mulher, é apego puro e simples.

Falsos desapegados, façam um favor a si mesmos: parem de dissimular seu apego à mulher e passem a viver uma vida verdadeiramente voltada para si próprios, ou, então, sejam menos mentirosos.


Atenção para o dia 08/01: tratarei de discorrer sobre um detalhe apontado por um dos leitores do blog, detalhe este que se refere a discrepância dos sexos quando o jogo troca de lado, quando as exigências femininas passam a ser subestimadas por elas mesmas.

Não leu os artigos anteriores? Leia-os aqui: Discrepância dos Sexos – Parte 1; Discrepância dos Sexos – Parte 2

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