segunda-feira, 8 de junho de 2009

Mulheres Estão nas Vitrines


Hoje em dia, não há nada mais comercial que mulher. Compra-se mulher, vende-se mulher, aluga-se mulher, empresta-se mulher. As mulheres vivem hoje como as prostitutas de Amsterdã, expostas numa vitrine. Fazem pose e ditam seus preços – algumas extrapolam e exigem preços acima de seus valores.

Aceita-se de tudo: um passeio de carro, de moto, de barco; uma roupa; as respostas da prova; um autógrafo; uma sessão de autógrafo; uma viagem dentro ou fora do país; em objetos pequenos e grandes; e principalmente em espécie, para os gringos “in cash” ·

Neste mercado do corpo a concorrência é grande e forte. Para enfrentar a concorrência e conseguir clientes, gastam horas a fio nas academias, nas clínicas de estética, nas mesas de operação, na areia da praia, e até expor gratuitamente o corpo desnudo a uma multidão de estranhos adultos e crianças, ou a um preço estabelecido para expor-se, mais uma vez desnuda, a frente de uma câmera.

A preocupação com o comércio vem de berço. As mulheres, já jovens, se tornam mães, para que, ainda jovens, possam preparar suas crias para este mundo selvagem e capitalista. As coitadas das filhas sofrem, por uma causa importante, mas sofrem. Passam longas horas dançando pagode e música funk, vestidas, carinhosa e cuidadosamente por suas amadoras mães, com suas blusas e shorts curtos e justos. Desde a mais tenra idade aprende-se que o trabalho enobrece a mulher.

As mulheres de hoje decapitaram-se. Não possuem cabeça e conseqüentemente não possuem rosto. Não possuem rosto, mas possuem bunda, coxas e seios. Decapitaram-se porque não tem cérebro. Não tem cérebro porque não pensam. Não pensam porque agem pelo instinto. Vejam todas as dançarinas de bandas e assistentes de palco dos programas da televisão, pouco se lembra dos rostos delas. Algumas outras tentam exibir seus rostos, mas são ofuscadas pela bunda da colega ou sabotadas pelas próprias bundas.

Estas são nossas mulheres: competitivas, decididas e abnegadas ao trabalho.
Nossas mulheres estão nas vitrines, mas não dos magazines, mas sim dos açougues.


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1 comentários:

Aline Barbosa disse...

Nossa, mto bom o texto.

Concordo com o que vc disse... É triste, mas é fato que a grande maioria esmagadora age assim...
Pena.

Eu ri mto com suas ironias (algumas bem sutis, outras nem tanto)...
O texto ficou mto bem escrito.
Gostei dos exemplos usados, das descrições e das últimas frases.
Parabéns, de verdade!

Bjo!
\o7